A literatura da Idade Média e os contos infantis
maravilhosos, nos ensinam que as fadas são seres femininos dotados de poderes
sobrenaturais. Fisicamente, aparecem sempre com traços de uma jovem dama de
beleza excepcional, ricamente vestida com trajes cujas cores dominantes são o
branco, o ouro, o azul e sobre tudo o verde. Sua varinha mágica com uma estrela
na ponta é símbolo de seus poderes mágicos. Está ainda dotada de uma sedução a
qual mortal nenhum pode resistir. As crianças a adoram como sua mãe; os jovens
se apaixonam perdidamente por ela e lhe consagram corpo e alma.
A fada é o ideal feminino, símbolo do "anima", que
encarna a virgem, a irmã, a esposa e a mãe. É a mulher por excelência, perfeita
e inacessível. É também um agente da Providência, que distribuiu riqueza,
fecundidade e felicidade, ajudando os heróis em perigo e servindo de inspiração
para artistas e poetas. A fada, é ainda, uma fiandeira do destino, como as
Parcas romanas e as Moiras gregas. São elas que tecem o fio da vida e assistem
o nascimento das crianças humanas para presenteá-los com dons. São elas também,
quem rompem esse fio e anunciam a morte dos seres humanos, antes de levá-los a
seus palácios encantados, no País das Fadas.
Mas a fada, é por último, uma divindade da natureza, associada especialmente as árvores, aos bosques, as águas das fontes e das flores dos jardins. Aqui elas já aparecem com um aspecto não tão nobre e altivo das damas surgidas nas novelas da Idade Média e sim com a forma de uma pequena criatura, apenas vestida com telas translúcidas em tons pastel e dotada de asas de libélula.
A palavra "fairy" (inglesa), conhecida
hoje é bem recente e foi usada, as vezes, para denominar mulheres mortais que
haviam adquirido poderes mágicos, tal como a usou Malory para Morgan le Fay.Mas
"fairy" originalmente significava "fai-erie", um estado de
encantamento e se transferiu do objeto ao agente. Se dizia que as próprias
fadas desaprovavam essa palavra e gostavam de ser chamadas com termos
eufemísticos como: "Os Bons Vizinhos" ou "Boa Gente". Ao longo das
Ilhas Britânicas se utilizam muitos nomes para as fadas.
A palavra francesa "fai", procedia originalmente do
italiano "fatae", as damas feéricas que visitavam as famílias quando havia um
nascimento e se pronunciavam sobre o futuro da nova criatura, tal como faziam
as Parcas.
As imagens das fadas só vieram a surgir na arte celta após a
ascensão do cristianismo, ou seja, depois da ocupação romana.
Hoje, acredita-se que o povo de Tuatha de Danann está
associado ao Reino das Fadas. Isto se deve a sua misteriosa aparição às Ilhas Britânicas
envoltos em brumas. Lá encontraram o povo Fir Bolg, os quais derrotaram na
batalha de Moytura. Posteriormente, quando os celtas invadiram a Grã-Bretanha
(600-500 a.C.), os Tuatha De Danann desapareceram nos montes e bosques. Esta é
a origem da crença de que as fadas habitam as áreas rurais. As lendas dos mitos
celtas foram preservados em textos como "Mabinogion", o "Livro
Branco de Rhyderch" (1300-1325) e o "Livro Vermelho de Hergest"
(1375-1425).
Todas as culturas europeias, entretanto, possuem folclore
envolvendo fadas. E, apesar das crenças sobre as fadas diferirem de uma cultura
para outra, há dois conceitos básicos universais a todos: a distorção do
próprio tempo e as entradas ocultas ao mundo das fadas.