Marisa Bueloni
Quando montavam o urso no patinete,
meu coração trepidava de dor.
Cada cãozinho pulando o aro era uma agonia.
Macaco andando de bicicleta até que era suportável.
Pombinhas fazendo girar uma roda também.
Pior eram os leões e os tigres na jaula com o domador.
Chicote na mão esquerda, cadeira na mão direita,
cada estalo no ar era um gemido na minha alma.
“Deixe as feras quietas, pare de provocá-las”,
era minha oração sem voz.
Uma vez, meu pai comprou um camarote tão perto do picadeiro
que pude ver uma cena perigosa e ameaçadora.
“Bem feito”, pensei.
Mas a fera obedeceu direitinho.
O domador olhou para ela, superior.
Não aplaudi.
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