segunda-feira, 9 de julho de 2018

Fabriquinha de ideias



                                 Ivana Maria França de Negri

        Margarida acordava bem cedo todos os dias e saía com sua mãe pelas ruas da cidade à procura de coisas que as pessoas jogavam fora. O fiel vira-lata Rambo sempre as acompanhava. Elas eram catadoras de papelão.
Tudo o que as pessoas achavam que não prestava mais e jogavam no lixo, como jornais, revistas, papelão, latinhas, garrafas de plástico, para elas era um jeito de conseguir alguns trocados.
Depois que o marido morreu, as coisas ficaram difíceis para a mãe de Margarida, pois estava desempregada e com três filhos pequenos para criar. Margarida tinha mais dois irmãozinhos menores do que ela.
A mãe via aquele monte de lixo apenas como uma maneira de sustentar  a família. O pouco que recebia com a venda do material que recolhiam, dava para comprar pão e alguma mistura  para os filhos.
Já Margarida, via de outro modo aquela sucata toda. Sua cabecinha, cheia de imaginação, via numa simples caixa de papelão azul com manchas de tinta branca, um céu com nuvenzinhas bailando. As garrafas plásticas eram peixinhos brilhantes e de todas as cores. E o papelão preto, era como um céu de noite, pontilhado de estrelinhas prateadas. E assim, ela ia imaginando, inventando, e sonhando com um mundo colorido e de brilhos observando aqueles objetos que vinham do lixo.
Certo dia, a mãe conheceu um grupo de pessoas da cooperativa do Reciclador Solidário. Foi convidada a participar das reuniões deles e levou a filha junto.
Margarida adorou aquela fábrica de “maravilhas”, pois lá ela podia dar vazão à sua criatividade. E deu mesmo asas à sua imaginação. Fazia capas de livros, porta-retratos, sacolas, porta-lápis, álbuns, brinquedos, quebra-cabeças, caixinhas de presente, a sua fabriquinha de ideias, que era a sua imaginação, ia inventando objetos coloridos e muito bonitos. E quanto mais inventava, mais ideias novas iam surgindo.
O mundo estava cansado da poluição, dos lixões abarrotados, e virou moda e até  passou a ser chique ter em casa objetos feitos com materiais reciclados, isto é, reaproveitados do lixo.
Muita gente começou a se interessar por aquelas obras de arte e pagavam muito bem pelas peças.
Margarida ficou famosa como a menina que transformava lixo em arte.
Uma boa ideia merece ser copiada e espalhada. Vamos reciclar também?
Reciclar faz bem para o bolso, para a natureza e para as pessoas.
Mãos à obra, pessoal!


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