Meu Relógio
Favorito
Carla Ceres
Acordei de madrugada,
Ouvindo
o relógio cuco.
Esse relógio caduco
Estava de brincadeira.
Cantou
umas doze vezes,
Disse que era meia-noite,
Despertou a casa
inteira.
Que meia-noite, que
nada!
Eram
três da madrugada
E o relógio não sabia.
Ou só quis fazer zoeira
Ou
talvez até pensasse
Que já era meio-dia.
Antes daquele acidente,
O
relógio funcionava.
Marcava o tempo certinho
E, a cada hora, cantava.
Concordo,
a culpa foi minha.
Levei
bronca, ouvi sermão,
Fiquei meses de castigo,
Porque
esbarrei de levinho,
Quando
subi na cadeira,
Para
olhar o passarinho
E
o relógio foi pro chão.
Até
deu pra consertar,
Desentortar a portinha,
Mas
deixou de funcionar
Como
um relógio decente.
Agora
canta pra gente
Na
hora que bem quiser,
Mas
é muito divertido
Ter
um cuco assim caduco,
Não
um relógio qualquer.
Dar Corda
Carla Ceres
Por
que que a gente dá corda
Se
o relógio não concorda
Com
a hora que a gente quer?
Por
que que a gente dá corda
Se
cada relógio acorda
A
gente do melhor sono,
Se
nunca pode esperar
Um
minutinho sequer
Antes
de mandar parar
A
brincadeira legal
E
tratar de tomar banho,
Estudar
ou trabalhar?
Faz
sentido alimentar
Com
pilhas ou baterias
Esses
relógios mandões
Que
azucrinam nossos dias?
Pensando
bem, é melhor
Eu
parar de reclamar.
Amanhã
tem excursão
Pro
parque de diversões.
Se
meu relógio se ofende
Pode
até não me chamar.
Artes do Vento
Carla Ceres
Passou
um vento exibido
na
porta da minha casa.
Precisa
ver que beleza
De
tapete que ele fez!
Colheu
flores nos ipês,
e
forrou toda a calçada.
Depois
tornou-se um buquê
e
girou amarelindo
formando
o redemoinho
mais
incrível que eu já vi.
Por
fim, o artista vaidoso
ventou
feliz na varanda,
tocou
música animada
nos
nossos sinos dos ventos.
Não
resisti e aplaudi.