quarta-feira, 24 de abril de 2013

Ana e a Chuva



Raquel Delvaje

Ana nasceu em berço de caixa de papelão
Tomou o leite de “dia sim, dia não”.
Na seca do Nordeste,
- Nasce-se para não vingar.

Na magreza de comer dia sim e dia não
Comendo em dia que havia farinha ou feijão,
Alimento descia fazendo festa,
Entre sorrisos famintos.

Um dia uma cortina escura no céu
Apavorou os compridos olhos de Ana
E uma chuva bailarina
Bailou purpurina, no solo cinza.

E fez brincar pezinhos na poça
E fez abrir sol em sorrisos apagados.
E dançar cantigas em lábios calados.
E o coração de Ana choveu...




Nenhum comentário:

Postar um comentário