Raquel Delvaje
Ana nasceu em berço de caixa de papelão
Tomou o leite de “dia sim, dia não”.
Na seca do Nordeste,
- Nasce-se para não vingar.
Na magreza de comer dia sim e dia não
Comendo em dia que havia farinha ou feijão,
Alimento descia fazendo festa,
Entre sorrisos famintos.
Um dia uma cortina escura no céu
Apavorou os compridos olhos de Ana
E uma chuva bailarina
Bailou purpurina, no solo cinza.
E fez brincar pezinhos na poça
E fez abrir sol em sorrisos apagados.
E dançar cantigas em lábios calados.
E o coração de Ana choveu...
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