Ivana Maria
França de Negri
Margarida
acordava bem cedo todos os dias e saía com sua mãe pelas ruas da cidade à
procura de coisas que as pessoas jogavam fora. O fiel vira-lata Rambo sempre as
acompanhava. Elas eram catadoras de papelão.
Tudo o que as pessoas achavam que não
prestava mais e jogavam no lixo, como jornais, revistas, papelão, latinhas,
garrafas de plástico, para elas era um jeito de conseguir alguns trocados.
Depois que o marido morreu, as coisas ficaram
difíceis para a mãe de Margarida, pois estava desempregada e com três filhos
pequenos para criar. Margarida tinha mais dois irmãozinhos menores do que ela.
A mãe via aquele monte de lixo apenas como
uma maneira de sustentar a família. O
pouco que recebia com a venda do material que recolhiam, dava para comprar pão
e alguma mistura para os filhos.
Já Margarida, via de outro modo aquela
sucata toda. Sua cabecinha, cheia de imaginação, via numa simples caixa de
papelão azul com manchas de tinta branca, um céu com nuvenzinhas bailando. As
garrafas plásticas eram peixinhos brilhantes e de todas as cores. E o papelão
preto, era como um céu de noite, pontilhado de estrelinhas prateadas. E assim,
ela ia imaginando, inventando, e sonhando com um mundo colorido e de brilhos observando aqueles objetos que vinham do lixo.
Certo dia, a mãe conheceu um grupo de
pessoas da cooperativa do Reciclador Solidário. Foi convidada a participar das
reuniões deles e levou a filha junto.
Margarida adorou aquela fábrica de
“maravilhas”, pois lá ela podia dar vazão à sua criatividade. E deu mesmo asas
à sua imaginação. Fazia capas de livros, porta-retratos, sacolas, porta-lápis,
álbuns, brinquedos, quebra-cabeças, caixinhas de presente, a sua fabriquinha de
ideias, que era a sua imaginação, ia inventando objetos coloridos e muito bonitos.
E quanto mais inventava, mais ideias novas iam surgindo.
O mundo estava cansado da poluição, dos
lixões abarrotados, e virou moda e até
passou a ser chique ter em casa objetos feitos com materiais reciclados,
isto é, reaproveitados do lixo.
Muita gente começou a se interessar por
aquelas obras de arte e pagavam muito bem pelas peças.
Margarida ficou famosa como a menina que
transformava lixo em arte.
Uma boa ideia merece ser copiada e
espalhada. Vamos reciclar também?
Reciclar faz bem para o bolso, para a
natureza e para as pessoas.
Mãos à obra, pessoal!
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