Ivana Maria França de Negri
A vida, para ele, era só girar, girar e girar...
Todos os dias, alegres crianças de bochechas rosadas, cabelos ao vento, escolhiam um cavalinho para cavalgar. Havia o malhado de olhos verdes, o ruivo de olhos cor de mel, o negro de olhos de fogo, e ele, que era todo branco e de olhos azuis.
Eram momentos sempre mágicos. A escolha, a escalada ao dorso, e o girar, girar e girar, até ficarem ambos, cavalo e cavaleiro, tontos e exaustos.
As crianças davam gritinhos de prazer, gargalhavam e se agarravam às crinas emaranhadas dos pequenos corcéis.
Com o passar dos anos, a brincadeira se tornou monótona. O cavalinho branco via ao longe os campos verdejantes a se perder de vista. E a pradaria se unia no horizonte a um céu muito azul, pontilhado de nuvens que pareciam flocos de algodão. Imaginava as montanhas, os vales, rios e mares que sua visão de cavalinho de madeira com olhos de vidro, não alcançava, enquanto girava sem sair do lugar.
Desejava ardentemente sair dali e correr o mundo, conhecer cidades e países diferentes. As crianças cresciam e não vinham mais. Outras mais novas apareciam e todas agiam da mesma forma. Às vezes reconhecia em algum adulto uma dessas crianças que o montaram em outros tempos. Ele os reconhecia pelo brilho no olhar que denotava a saudade da infância perdida.
No carrossel da vida, tudo girava incessantemente, e ele sempre ali, enraizado, fincado fortemente no chão, sem poder fugir, só girando, girando e girando.
Havia dias em que ficava mais angustiado e fazia muita força para se soltar, mas os parafusos e porcas que o prendiam eram muito resistentes.
Certa vez, uma linda menina, de olhos azuis como os seus, escolheu-o para voltear. Mas havia algo nela dizendo que naquele dia tudo seria diferente. Pressentiu isso assim que a garotinha delicadamente o montou e sussurrou ao seu ouvido:
-“Vamos voar, lindo cavalinho branco!”
O cavalinho pensou:
-“Finalmente chegou o momento de realizar meu sonho!”
Fechou os olhos, concentrou-se com todas as suas forças e iniciou o galope. Isso mesmo, não estava girando e sim galopando! Conseguira libertar-se da roda do eterno girar. As patas, antes fixas, moviam-se rapidamente. A menina não cabia em si de felicidade e ele parecia estar numa outra dimensão. Tudo o que pensava, a menininha adivinhava. E ele também conseguia ler os pensamentos dela. Era como se fossem um só naquela cavalgada. Em frêmitos, subia montanhas, descia pelos vales, atravessava rios e densas florestas. Sentia o calor do sol aquecendo seu lombo e até as refrescantes gotinhas de chuva que pingavam nele.
Num momento de maior arrebatamento, conseguiu sair do chão. E como se fosse o lendário Pegasus, levantou voo. Possuía asas invisíveis e voava bem alto com a amiguinha agarrada ao seu pescoço. Por breve momento, avistou lá embaixo o parque de diversões e os outros cavalinhos que continuavam presos, girando, girando e girando, sem sair do lugar.
Pensou consigo:
-“Será que essa menina é uma fada?” E ela, adivinhando-lhe o pensamento e sorrindo docemente respondeu:
-“Não, meu querido cavalinho branco, sou apenas uma menina que sonhou o mesmo sonho que você, e meu pai falou que, quando dois sonham o mesmo sonho, ele se realiza”.
A vida, para ele, era só girar, girar e girar...
Todos os dias, alegres crianças de bochechas rosadas, cabelos ao vento, escolhiam um cavalinho para cavalgar. Havia o malhado de olhos verdes, o ruivo de olhos cor de mel, o negro de olhos de fogo, e ele, que era todo branco e de olhos azuis.
Eram momentos sempre mágicos. A escolha, a escalada ao dorso, e o girar, girar e girar, até ficarem ambos, cavalo e cavaleiro, tontos e exaustos.
As crianças davam gritinhos de prazer, gargalhavam e se agarravam às crinas emaranhadas dos pequenos corcéis.
Com o passar dos anos, a brincadeira se tornou monótona. O cavalinho branco via ao longe os campos verdejantes a se perder de vista. E a pradaria se unia no horizonte a um céu muito azul, pontilhado de nuvens que pareciam flocos de algodão. Imaginava as montanhas, os vales, rios e mares que sua visão de cavalinho de madeira com olhos de vidro, não alcançava, enquanto girava sem sair do lugar.
Desejava ardentemente sair dali e correr o mundo, conhecer cidades e países diferentes. As crianças cresciam e não vinham mais. Outras mais novas apareciam e todas agiam da mesma forma. Às vezes reconhecia em algum adulto uma dessas crianças que o montaram em outros tempos. Ele os reconhecia pelo brilho no olhar que denotava a saudade da infância perdida.
No carrossel da vida, tudo girava incessantemente, e ele sempre ali, enraizado, fincado fortemente no chão, sem poder fugir, só girando, girando e girando.
Havia dias em que ficava mais angustiado e fazia muita força para se soltar, mas os parafusos e porcas que o prendiam eram muito resistentes.
Certa vez, uma linda menina, de olhos azuis como os seus, escolheu-o para voltear. Mas havia algo nela dizendo que naquele dia tudo seria diferente. Pressentiu isso assim que a garotinha delicadamente o montou e sussurrou ao seu ouvido:
-“Vamos voar, lindo cavalinho branco!”
O cavalinho pensou:
-“Finalmente chegou o momento de realizar meu sonho!”
Fechou os olhos, concentrou-se com todas as suas forças e iniciou o galope. Isso mesmo, não estava girando e sim galopando! Conseguira libertar-se da roda do eterno girar. As patas, antes fixas, moviam-se rapidamente. A menina não cabia em si de felicidade e ele parecia estar numa outra dimensão. Tudo o que pensava, a menininha adivinhava. E ele também conseguia ler os pensamentos dela. Era como se fossem um só naquela cavalgada. Em frêmitos, subia montanhas, descia pelos vales, atravessava rios e densas florestas. Sentia o calor do sol aquecendo seu lombo e até as refrescantes gotinhas de chuva que pingavam nele.
Num momento de maior arrebatamento, conseguiu sair do chão. E como se fosse o lendário Pegasus, levantou voo. Possuía asas invisíveis e voava bem alto com a amiguinha agarrada ao seu pescoço. Por breve momento, avistou lá embaixo o parque de diversões e os outros cavalinhos que continuavam presos, girando, girando e girando, sem sair do lugar.
Pensou consigo:
-“Será que essa menina é uma fada?” E ela, adivinhando-lhe o pensamento e sorrindo docemente respondeu:
-“Não, meu querido cavalinho branco, sou apenas uma menina que sonhou o mesmo sonho que você, e meu pai falou que, quando dois sonham o mesmo sonho, ele se realiza”.
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