Hoje o dia é deles, nossos irmãos animais
Ao meu santinho
de Assis
Ivana Maria França de Negri
Querido santinho de Assis.
Vós que fostes exemplo de humildade,
andastes em andrajos e pés descalços no chão.
Vós que amastes a natureza e chamastes
os astros do céu de irmão Sol e irmã Lua.
Vós que conversastes com os passarinhos
e amansastes as feras da floresta apenas com vosso olhar pacífico e amoroso.
Vós que fostes poeta, pacifista,
ecologista e protetor dos animais.
Vós que consolastes os sofredores,
estendestes a mão aos pobres e curastes os doentes.
Vós que tivestes uma fé inabalável em
Deus e jamais duvidastes da Justiça Divina.
Vós que passastes dias inteiros em
arrebatamento, orando e meditando em silêncio contemplativo.
Vós que cantastes hinos em louvor ao
Criador de todas as coisas com a alma sintonizada em etéreas dimensões.
Vós que abandonastes o conforto e as
riquezas mundanas para viver recluso numa capelinha na montanha, escutai esta
minha prece.
Peço neste dia, que derrameis vossa
bênção e protegei todas as criaturas que não sabem falar, mas sentem dor, fome,
sede, tristeza, como nós humanos, mas são tratadas com desdém.
Consolai as criaturas aladas presas em
minúsculas gaiolas, pois nunca poderão adejar asas e voar felizes no azul do
céu.
Amparai os que puxam carroças e têm o
dorso coberto de escaras pelo açoite constante.
Livrai os bois de rodeio e os sangrados
nas touradas desse sofrimento sem finalidade alguma que os humanos chamam de
diversão.
Volvei vosso olhar de bondade às pobres
cobaias de laboratório que têm seus corpos retalhados em vida, sentindo dores
terríveis para servir à ciência.
Derramai também um bálsamo curativo que
abrande a dor das feridas dos que são abatidos em caçadas, dos que são
utilizados sem piedade em rituais religiosos, e dos que têm seu corpo
descarnado para que suas vísceras sirvam de alimento ao homem.
Protegei os animais de circo, presos em
jaulas pequenas e sempre à mercê de crueldade dos seres humanos.
Soprai nos corações pétreos dos homens,
um pouco que seja da vossa infinita bondade a fim de que a misericórdia e a
compaixão neles faça morada. Amém.