O Curupira vinha caminhando pela
floresta, às margens do Rio Amazonas. Parecia cansado, porque há muito tempo o
serviço de Defensor da Floresta não lhe permitia tirar férias. Havia caçadores
querendo peles de animais, madeireiras querendo derrubar árvores, garimpeiros
em busca de ouro e poluindo o rio. Enfim, mal terminava um trabalho, começava
outro.
Estava tão distraído que nem
notou a beleza daquela manhã, a vitória-régia em seu traje de gala e o boto
tucuxi fazendo acrobacias em seu bailado das águas.
De repente, ouviu gostosas gargalhadas
de alguns garotos que brincavam. Teve vontade de brincar com eles, mas ouviu um
deles gritar apontando uma casa de marimbondos: “Vamos ver quem derruba primeiro?”
Antes que o Curupira pudesse
fazer alguma coisa, uma pedrada certeira lançou a casa de marimbondos no chão.
Por que fizeram aquilo? Pensou
desapontado. Será que sabem quanto tempo os marimbondos levaram para construir
sua casinha? Aonde iriam passar aquela noite? De tão chateado, o Curupira
reuniu o conselho e anunciou sua decisão: A partir daquele dia não seria mais o
defensor da floresta.
Foi um reboliço geral. Como iam
fazer sem ter alguém que defendesse a floresta? Quem poderia ser o novo defensor?
Foi quando o Curupira ouviu um
barulho na copa de uma árvore que chamou sua atenção. Eram aqueles mesmos
marimbondos que construíam nova casinha, trabalhando com alegria e disposição.
Curupira compreendeu então, que a
natureza jamais desiste, que está sempre tentando sobreviver. E sentiu orgulho
de fazer parte de tudo aquilo. Fechou os olhos e imaginou-se abraçado com cada
planta, cada animal, cada ser da floresta.
Novamente sentiu-se forte e feliz
e voltou a ser o defensor da floresta.
Muito linda esta história!