Ivana Maria França de
Negri
Tão bom ser
criança e poder acreditar nas lendas...
Lá no fundo do coração, toda criança sabe que não existe Papai Noel, nem
coelhinho da Páscoa. Mas é tão bom brincar de acreditar! O faz-de-conta precisa coexistir com a
realidade dura e cruel.
Coelhinho
branco dos olhos de fogo, ah! se tivesses o poder de realizar nossos sonhos...
Se pudesses nos trazer a paz, tão branca como seu pêlo aveludado. Se pudesses
nos presentear com o calor de uma amizade sincera, sem interesses, e nos dar a
pura ingenuidade infantil.
Se tivesses o
poder de trazer a esperança, consolo a quem perdeu uma pessoa querida, e
paciência, muita paciência, para suportarmos a enxurrada de problemas.
Se pudesses
fazer brotar um sorriso em todos os lábios, e a alegria, como uma primavera
florindo em todos os corações.
Coelhinho do
meu tempo de menina, se pudesses entoar baixinho, canções de amor que tocassem
fundo a alma dos homens, para que eles, em vez de se digladiarem como
irracionais nas odiosas guerras, presenciais e verbais, assinassem tratados de
paz.
Se pudesses
trazer um ramalhete de rosas virtuais, que perfumassem o espírito das pessoas para
que elas só praticassem atos de bondade.
Se pudesses
trazer a verdadeira Justiça para a terra, aquela que não se compra e nem se
vende e sacia a alma dos que dela têm sede.
Se pudesses
trazer alívio às dores dos que estão sofrendo... Não somente as dores do corpo,
causadas por doenças diversas, mas as mais terríveis e insuportáveis, as dores
do espírito, que nenhum remédio tem o poder de curar.
Se tivesses o
poder de acabar com a corrupção, com o suplício nas prisões, com as milhares de
mortes de crianças inocentes causadas pela fome, por falta de vacinas, de
remédios e do amor de uma família.
Se pudesses
dar voz a quem não tem, e asas a quem não possui, mesmo que fossem asas
fantasiosas.
Se fizesses
tudo isso, terias o dom de operar milagres...Mas és apenas um mito, um bichinho
assustado, vítima do selvagem bicho-homem. Tu és branco como a paz, mas tens
medo das trevas do mal também.
Se tivesses o
dom de trazer paz, alegria, solidariedade, união, paciência, tolerância,
doçura, generosidade, respeito, humildade, honestidade, todas essas virtudes
ultimamente tão esquecidas pelos seres humanos, reinaria a harmonia na Terra.
Coelhinho da
Páscoa, o que trazes pra mim? Nem ovos,
nem chocolate, nem a triste memória
Daquele que foi pregado numa cruz de madeira num suplício sem fim. Apenas
acordas meus sonhos...
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